Porto, 2006.09.28
“A LOJA DO RODRIGUES NA RUA DE SANTO ANTÓNIO....”
Era um estabelecimento elegantérrimo, que marcava a diferença. Hoje, quando por acaso lá passo, vou à procura desse estabelecimento elitista... que ainda lá está mas que já não é a mesma coisa. Lembro-me bem do empresário, o senhor Rodrigues. Em frente à loja, na esquina, ficava a Tipografia Serafim, que nos vendia muito material escolar e que recordo com saudade. À direita da loja fica a farmácia Baptista, cujo director é o dr. Baptista, que foi professor de Cálculo Financeiro na Escola Comercial do meu tempo. Permitam-me que recordo aqui uma cena passada com ele no exame de Cálculo onde eu fui à oral.
Deduza aí a fórmula da taxa de juro, disse o Prof. E eu lá andei, talvez mais mal que bem, uma no cravo outra na ferradura.... mas aquilo acabou por correr bem. Mas se conto isto é para recordar que o Prof. no fim do exame me disse. ok, terminou o exame, mas não se esqueça que você sabe mais do que aquilo que pensa.
Meu caro Dr, o senhor acertou porque fui sempre assim ao longo de toda a minha vida, sempre tive a mania que sabia menos que os outros. QUE FAZER!....
Como eu andava por Faro nessa altura de 58/59, é importante recordar aqui, que faleceu recentemente o Dimas da Óptica Moderna, que era um pachola, apesar de nunca ter falado com ele conhecia-o muito bem, porque ele era amigo do André, funcionário administrativo lá da Escola. Comercial.
Da esquina do Serafim, dessa pequena ruela onde se arrumavam as bicicleta da malta que vinho dos arrabaldes, vinha dar-se à cervejaria Veríssimo, familiares do meu colega Aníbal Veríssimo que foi para a Bélgica, juntamente com o Lima da minha turma que tocava acordeão, rapaziada que nunca mais vi. E é nesse largo que fica a casa de tecidos Barracosa, cujo proprietário era irmão do Barracosa da Casa dos Rapazes que era aluno da Escola Comercial e que jogava lá andebol com o Prof. Américo e tinha um remate ainda superior ao do Joaquim Padeiro, outra velha glória da Escola. Estes Barracosas eram também irmãos do Tonica Barracosa que assaltou o Banco de Portugal da Figueira da Foz com o Hermínio Palma Inácio de Tunes. Nesse largo ainda ficava o consultório do Dr. João Nobre, o médico dos pobres e irmão de outra figura típica do Liceu que era o Joãozinho Nobre, que acompanhava com o Santana, o Leiria e o Xico Eusébio ambos de Estói, o Dinarte, o Merlim e mais essa fina flor desse tempo.
Recordar Faro desse tempo é uma alegria.
João Brito Sousa