AS BICICLETAS EM SETEMBRO
Os cavalos corriam à desfilada, dezenas, talvez centenas. O vale estendia-se...
É assim que começa o livro do Baptista-Bastos, “As bicicletas em Setembro”, que só hoje chegou à Bertrand aqui no Porto. Fui à Boavista e comprei-o. E vim para casa a correr, não pelo simples facto de estar a chover, mas sim porque queria ganhar a amizade do livro. Eu gosto das obras do Baptista-Bastos. Quando cheguei a casa todo molhado da chuva, retirei o meu tesouro com todo o cuidado, pois trazia-o dentro do saco de plástico da livraria sim, mas metido entre o cinto das calças e o corpo.
Parece que era o Garrincha que afagava a bola, dormia com ela e batia nela com suavidade. Diziam os jornalistas que Garrincha amava a bola. Tinha grande afeição por ela. Tal como eu tenho grande afeição pelas obras de Baptista-Bastos.
Já comecei a ler o livro e o Armando nunca me desiludiu. E não me vai desiludir agora. Tudo o que o livro tem é aproveitável. Tudo. A história leva-me atrás, agarrou-me logo. E até já tenho matéria para um soneto. Aí vai.
A DÚVIDA E A INDULGÊNCIA..
São luxos que não podem ser oferecidos
Somos apenas nós que temos a gerência
Das incertezas e dos pecados cometidos;
Conduzamos nós o barco com inteligência. .
Duvidar é não ter certezas... e indulgência
A disposição para desculpar os erros.
Na vida, não há lugar para a dependência
Porque nos enterram nos bicos dos cerros.
Dúvidas não podemos ter nunca...isso não.
Seremos indulgentes concedendo o perdão.
E as bicicletas rolam no asfalto quente.
Não sei o que procuro.... já nada existe,
Onde ela viveu está um prédio feio e triste.
E os cavalos queixavam-se como a gente..
João Brito Sousa.