“A felicidade não existe; há apenas
instantes felizes.”
Baptista Bastos em “As Bicicletas em Setembro”
"Vejam bem que não há só gaivotas em terra quando um homem se põe a pensar...". É isso aí. Quando um homem se põe a pensar... ou talvez se ponha a sonhar. O sonho... aquele amigo que nos ilude e nos ajuda a resolver dificuldades momentâneas. Ou parece que se resolveram. O meu tio Felício é que me dizia: João, olha que aquilo que a gente pensa num minuto pode levar muitos anos a concretizar ... ou até a nunca se concretizar. Mas nos sonhos, a gente julga que sim. O sonhos, diz Baptista-Bastos, “não devem ser revelados. Dá azar contar os sonhos. Os sonhos pertencem a quem sonha. É a única coisa que ninguém pode roubar aos outros. Talvez seja por isso que os sonhos não têm voz; receiam que os usurpem....”
“O pior que pode acontecer a uma pessoa é não ter ninguém em quem pensar, diz Jesuína”. É importante pensar, em nós e nos outros e naquilo que nos rodeia. O amanhã, essa coisa terrível e desconhecida a que não podemos dar guarida. É matéria contida naquilo a que chamamos destino. Destino é Fado ou Fado é Destino. Não podemos evitar essa caminhada e respectiva chegada; está escrito. É a caminhada que vai em direcção à Felicidade que estamos falando. Que não essa de ganhar o totoloto. A Felicidade é ser digno e ter carácter suficiente, para que nos tragam a honradez. Felicidade é cabeça levantada, sinal de cumprimento de todas as regras. Às vezes falhamos, restam os instantes
“Esta terra está cheia de gente que está cheia de maldade. Não podemos defender-nos da maldade com a bondade” diz Baptista-Bastos. A maldade até pode gerar felicidade e tem gerado, direi eu, que é uma pessoa sentir-se feliz praticando o mal. Ora aqui está uma das razões porque não há felicidade no Mundo. A guerra do Iraque não dá felicidade a muitos mas, apesar de malvada, desnecessária, ingrata e injusta dá felicidade a alguns. As regras do jogo são difíceis de se entender e mais ainda, de pôr em prática. Um homem maldoso não será tão feliz como um homem bondoso. O homem maldoso inventa; o homem bondoso facilita...
Mas hoje é sábado e não vamos pensar mais nisso. Pensar também envelhece. Quantas vezes pensamos e não encontramos ideias nenhumas, soluções para nada? É aí que nos sentimos vencidos e sentimos o tempo passar e não podemos agarrá-lo. O tempo foge-nos das mãos ou donde ele estiver. E não há nada a fazer se não olhar o horizonte e fixarmo-nos num ponto que poderá ser o ponto de chegada. Mas cmo lá chegar?... É essa a dúvida...
E é aí que um homem se põe a pensar....
João Brito Sousa