
“Fundamentalmente, a vida deve ser feita através das escolhas afectivas, caso contrário tornamo-nos seres humanos insuportáveis...”
Maria de Belém
"A FELICIDADE CONJUGAL" de Tolstoi
Alguns excertos....
Naquela noite kátia e eu estivemos muito tempo acordadas. Conversámos longamente, mas não dele; a propósito de como de como passaríamos esse Verão, e onde e de que modo viveríamos no Inverno. Mas já não se me apresentava a terrível pergunta: «Para quê?»..
Parecia-me simples e claro dever viver-se para se ser feliz, e já não duvidava de que o futuro me reservasse toda a espécie de venturas. Era como a nossa velha e sombria casa de Pokrovskoie se tivesse enchido subitamente de vida e luz.
Compreendi que era noite, porque um morcego se enfiou por debaixo da lona do terraço e esvoaçou junto do meu lenço branco Encostei-me à parede, disposta a gritar, mas o morcego, silencioso e velozmente, despediu dali e desapareceu na penumbra do jardim.
- Muito gosto eu de Pokrosvkoie- exclamou Mikailovitch, mudando de conversa. – Era capaz de passar a vida inteira sentado neste terraço.
- Porque não?- replicou Kátia.
- Pois sim, mas a vida é movimento
- Porque não se casa ? – voltou Kátia.- Seria um marido excelente.
- Porque gosto, precisamente de ficar sentado sem fazer nada – exclamou Serguei Mikailovitch despedindo uma gargalhada.- Não, não, Katarina Karlovna, nem você nem eu nos casaremos. Há muito que ninguém olha para mim como para um homem ainda casadoiro E ninguém pensa menos nisso do que eu. E sinto-me assim muito bem, pode crer.
Excertos simpáticos de uma obra literária de um grande escritor...
João Brito Sousa