
Nos anos 60, o BNU em Lisboa e no País, era um emprego invejável devido à solidez da instituição e garantia da continuidade. Da Escola Comercial do meu tempo empregaram-se pelo menos aí uns cem alunos que entretanto tinham terminado o curso comercial. A malta fazia o quinto ano e empregava-se na Banca.
Comparativamente com a malta do Liceu, nós os “costoletas” levávamos vantagem, pois dominávamos a definição de letra, livrança, depósitos `a ordem, a prazo e com pré aviso, a definição de juro e muitos outros conceitos de aplicação na banca. Mas o mais importante de tudo é que dominávamos a contabilidade geral ou financeira. Todas estas matérias eram fundamentais para um bom desempenho na Banca. E a Escola Comercial deu grandes homens nessa área, graças aos ensinamentos do Dr. Uva e da Drª Florinda.
O BNU era talvez nessa época o maior banco pois era banco emissor. No BNU em Faro, trabalharam do meu tempo o Zeca Nobre e o Zé Bartílio da Palma. O gerente, o César Nobre, é irmão do Zeca, é de uma anterior geração mais antiga. Penso que o primeiro espaço que o BNU ocupou em Faro não foi na Rua de Santo António mas não tenho a certeza.
Dessa rapaziada de Faro que foi para o BNU recordo com saudade o Jorge dos Santos Valente, a quem nós chamávamos, não sei porquê, o Jorge Barata. O Jorge era um aluno razoável. Onde ele era bom era a namorar as miúdas da Escola (ainda hoje é, disseram-me...) a jogar basket e andebol. Fizemos o 5º ano juntos e, nesse tempo, havia na Escola Comercial um campeonato interno de andebol de sete e a nossa turma estava lá metida. O Jorge, que marcava muitos golos de canto, era o nosso líder.
Passava o ano de 1960 e fomos à final do campeonato, jogar com os electricistas do Tony Casaca, que era um grande guarda redes e do Tolentino que tinha um bom remate e jogava no campo todo. Parece que o jogo foi num sábado à tarde. Eu era o Keeper e jogavam também o actual Presidente da Junta de freguesia da Sé, o Joaquim Teixeira, o António Manuel Ramos José (O SABINO, já falecido) o Jorge e mais três que não me lembro o nome.
Depois do almoço e antes do jogo, o Jorge levou-me até `a Alameda e deu-me a táctica, que era estar tranquilo, fechar o ângulo das jogadas de canto e coisas assim. E depois beijámos a bola, numa de procurar a sorte, uma coisa que só anos mais tarde o Joaquim MEIRIM fez no Varzim quando era lá o treinador e o Benje era o guarda redes e também beijou o esférico. Nós andávamos `afrente.
Não vejo o Jorge há aí uns dez anos e éramos amigos. Envio-lhe daqui uma abraço, se isso for possível.
Ah.... falta dizer que perdemos a final por 1 a Zero. Foi um remate enviezado do Tolentino, a quem cumprimento também. Belos tempos.
João Brito de Sousa