O FUTURO NÃO É
GARANTIA DE COMPETÊNCIA ...
Este texto é de autoria de Milan Kundera, in "A Arte do Romance".
Creio apenas saber que o romance não pode já viver em paz com o espírito do nosso tempo: se quer ainda continuar a descobrir o que não está descoberto, se quer ainda «progredir» enquanto romance, só pode fazê-lo contra o progresso do mundo.
A vanguarda viu as coisas diferentemente: estava possuída pela ambição de estar em harmonia com o futuro. Os artistas de vanguarda criaram obras, corajosas é verdade, difíceis, provocatórias, apupadas, mas criaram-nas com a certeza de que o «espírito do tempo» estava com eles e que, amanhã, lhes daria razão.
Outrora, também eu considerei o futuro como único juiz competente das nossas obras e dos nossos actos. Foi mais tarde que compreendi que o flirt com o futuro é o pior dos conformismos, a cobarde lisonja do mais forte. Porque o futuro é sempre mais forte que o presente. É ele, de facto, que nos julgará. E certamente sem qualquer competência.
BIOGRAFIA.
Milan Kundera (1 de abril de 1929, em Brno, Tchecoslováquia) é um autor tcheco.
Em seu primeiro romance, "A Brincadeira", Kundera nos oferece quase uma sátira da natureza do totalitarismo do período comunista. Por força de suas críticas aos soviéticos e a invasão de seu país em 1968, Kundera foi adicionado à lista negra do partido e suas obras foram proibidas imediatamente após a invasão soviética. Em 1975, Kundera mudou-se para a França.
Na França, Kundera escreveu O Livro do Riso e do Esquecimento no ano de 1979. Constituindo-se de uma inusitada mistura de romance, contos curtos e ensaios do próprio autor, o livro ditou o tom de suas obras pós-exílio.
No ano de 1984, Kundera escreveu A Insustentável Leveza do Ser, seu trabalho mais popular. O livro é como uma grande crónica acerca da frágil natureza do destino, do amor e da liberdade humana. Mostra como uma vida é sempre um rascunho de si mesma, como nunca é vivida por inteiro e como é impossível de repetir-se.
Em 1990 Kundera escreve A Imortalidade. O romance é o mais "cosmopolita" até então, sem situar o enredo dentro do universo social e político da República Tcheca como fizera até então. Possui um conteúdo explicitamente filosófico e pode-se dizer que é o início de uma segunda fase da obra do autor.
Kundera reafirma publicamente que deseja ser entendido como um romancista em termos gerais, não um escritor político. É notório que o conteúdo político foi, a partir de A Imortalidade, substituído pela temática filosófica. O estilo de Kundera, entrelaçando digressões e ensaios filosóficos é grandemente inspirado em Robert Musil, Henry Fielding e na prosa do filósofo Friedrich Nietzsche.
MEU COMENTÁRIO:
Um escritor, na opinião do nosso Vergílio Ferreira, será aquele que nos faça tornar melhor ser humano depois de o lermos. Um bom escritor, na opinião de Vergílio, não é aquele que nos traz mais conhecimento mas sim aquele que nos dá maior capacidade para percebermos os outros, que, ao fim e ao cabo, é a finalidade da nossa estadia aqui.
Para Baptista-Bastos o grande escritor é aquele que vê para além da porta.
Estou mais com Vergílio Ferreira.
Quanto a Kundera, que creio já ganhou o estatuto de grande escritor, quer colocar em litígio, o romance e o espírito do nosso tempo, o que eu aliás concordo, porque só com esta agressividade, quer o romance quer o espírito do nosso tempo, poderão evoluir. .
Para haver progresso não poderá haver harmonia. O progresso precisa de briga para ser progresso.
É verdade que é o futuro o único juiz competente para julgar um autor. Mas numa coisa não estou de acordo com Kundera, quando ele diz: ... “o futuro é sempre mais forte que o presente. É ele, de facto, que nos julgará. E certamente sem qualquer competência...”
Em minha opinião o julgamento será competente, porque o futuro começa já. . Porque não há presente; o homem vive no futuro.
João Brito Sousa
. FICA SUSPENSO ATÉ NOVA OR...
. O TREINO DO SENHOR CARVAL...
. O MEU PRIMO SEBASTIÃO BRI...
. ALÓ SANTA BÁRBAAR DE NEXE...
. TUDO CHEGA AO FIM.... ATÉ...
. HOUVE FESTA NO SÍTIO DA A...
. BOM FIM DE SEMANA PARA TO...
. A VIDA DIFÍCIL DOS MIÚDOS...